"-Agora devemos dormir? - disse ela. - Eu dormiria como uma pedra.
-Vamos dormir - disse ele, e sentiu o corpo longilíneo, leve e quente, aconchegado ao dele, banindo a solidão de ambos, magicamente, pelo simples toque do seu ventre no seu abdômen, dos ombros, dos pés, formando uma aliança com ele contra a morte.
- Durma bem, coelhinha comprida.
-Já estou dormindo - disse ela.
- Vou dormir - disse ele. - Durma bem, minha amada - e assim ele adormeceu se sentindo feliz.
Mas acordou, ainda noite, e a abraçou bem apertado como se ela fosse a sua vida e estivesse sendo tirada dele. Segurou-a firme como se ela fosse a única vida que existia, e era verdade. Mas ela dormia um sono pesado e assim permaneceu. Então, ele virou de lado, puxou a manta sobre a cabeça dela, beijou-a no pescoço sob a manta, puxou a pistola pela corda, colocando-a ao alcance da mão, e ficou assim, na noite, pensando."
Trecho do livro: 'Por quem os sinos dobram', de Ernest Hemingway
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