sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Resposta ao tempo



Batidas na porta da frente, é o tempo.
Eu bebo um pouquinho pra ter argumento.

Mas fico sem jeito, calado, ele ri
ele zomba do quanto eu chorei
porque sabe passar, e eu não sei.

Num dia azul de verão sinto o vento...
Há folhas no meu coração,
é o tempo.

Recordo um amor que perdi, ele ri,
Diz que somos iguais, se eu notei
Pois não sabe ficar e eu também não sei.

E gira em volta de mim,
sussurra que apaga os caminhos,
Que amores terminam no escuro, sozinhos.

Respondo que ele aprisiona,
eu liberto.
Que ele adormece as paixões,
eu desperto.

E o tempo se rói com inveja de mim,
me vigia querendo aprender
como eu morro de amor pra tentar reviver.

No fundo é uma eterna criança
que não soube amadurecer.
Eu posso, ele não vai poder
me esquecer.


Compositor: Aldir Blanc/Cristóvão Buarque
Intérprete: Nana Caymmi

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Carta à poesia


Imagem: autor desconhecido
Poesia, por onde você andava
enquanto eu, ao invés de andar, corria?

Entre os passos apressados do meu dia-a-dia,
estaria você me observando em alguma esquina?

Eu havia me esquecido que às vezes
é preciso parar o tempo,
tirar os sapatos,
e não pensar em nada,
só para ouvir
o que o silêncio nos diz.

E me lembrei de um tempo
em que andávamos de mãos dadas,
sem pressa,
e você me permitia tirar as vestes 
e ser eu mesma,
alma e coração
a chorar no teu colo.

Lílian Terra

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