segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Utopia


Tão bem encaixado nos meus sonhos, 
você se tornou o meu modelo de amor perfeito.
Você era no meu coração a fôrma moldada para aquilo que meus desejos idealizavam
e por isso ali não cabia mais ninguem, ninguém se encaixava no lugar que era seu.
As pessoas que se aproximavam, eram aos meus olhos desajustadas, incapazes de me despertar as sensações às quais você me levava. 
E eu fui mandando embora, um a um, todos aqueles que ousavam ocupar o seu lugar. 
E aos poucos percebi, que o altar que dediquei a voce, estava, na maior parte do tempo, vazio. E eu estava sozinha. 
Sim, porque esperava demais e o que tinha era pouco. 
Era o melhor pouco que alguem pode ter. 
Era um pouco visceral, mas insuficiente. 
Então resolvi demolir esse castelo de ilusões que construi sobre voce, e sobrevivi. 
Mas sim, sinto saudades.

Lílian Terra

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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Oh seres
estupefados, 
egocentrizados,
engarrafados!
Olhe quão frágeis sois vós,
incapazes de olhar para o céu,
tão cheios de si e de suas agendas!
Não vês que podes, amanhã, 
perder teu império, e que só te restarão
os afetos que plantou?
E se tú não foste, em um único momento
de sua vida, amável,
se não cativaste um só coração,
o que será de ti então?

Lílian Terra

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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013


   "-Agora devemos dormir? - disse ela. - Eu dormiria como uma pedra.
   -Vamos dormir - disse ele, e sentiu o corpo longilíneo, leve e quente, aconchegado ao dele, banindo a solidão de ambos, magicamente, pelo simples toque do seu ventre no seu abdômen, dos ombros, dos pés, formando uma aliança com ele contra a morte. 
- Durma bem, coelhinha comprida.
   -Já estou dormindo - disse ela.
  - Vou dormir - disse ele. - Durma bem, minha amada - e assim ele adormeceu se sentindo feliz.
   Mas acordou, ainda noite, e a abraçou bem apertado como se ela fosse a sua vida e estivesse sendo tirada dele. Segurou-a firme como se ela fosse a única vida que existia, e era verdade. Mas ela dormia um sono pesado e assim permaneceu. Então, ele virou de lado, puxou a manta sobre a cabeça dela, beijou-a no pescoço sob a manta, puxou a pistola pela corda, colocando-a ao alcance da mão, e ficou assim, na noite, pensando."

Trecho do livro: 'Por quem os sinos dobram', de Ernest Hemingway

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A fantástica fábrica de Poesia

É triste pensar que sou triste.
Ridiculamente triste.
Triste por natureza,
como qualquer um 
que tenha um coração de poeta.

A tristeza é uma fábrica de poesia
e pode se tornar bonita,
palpável,
tristeza amiga.

Lílian Terra

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