segunda-feira, 30 de abril de 2012

Havia um céu azul.
Haviam desejos, e uma brisa que 
soprava humildemente me trazendo seu cheiro.
Seu olhar pousou sobre mim e eu quis guardar pela eternidade
o encanto daquele momento.
Eu quiz dizer algo, mas qualquer coisa que eu falasse
soaria forçado, as palavras trairiam meu sentimento.
Então fechei os olhos, e espontaneamente meus lábios sorriram
e você, automaticamente entendeu.

Lílian Terra

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sábado, 21 de abril de 2012


"Então, abandonar o amor? Não. Mas é preciso escolher. 
Porque o tempo foge. Não há tempo para tudo. 
Não poderei escutar todas as músicas que desejo, 
não poderei ler todos os livros que desejo, 
não poderei abraçar todas as pessoas que desejo.
 É necessário aprender a arte de "abrir mão" 
- a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial."

Rubem Alves

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quinta-feira, 19 de abril de 2012

Foto: Chris A. (archi3d)
Queria encontrar um lugar onde eu pudesse 
afrouxar meus nós interiores,
me desfazer do que me estraga, 
e aquietar as culpas do meu peito.
Um lugar onde eu pudesse ficar a sós com Deus,
e encontrar em mim a criança que fui, e hoje dorme.
Um lugar onde importaria o brilho dos olhos, 
e não a roupa que se veste.
E a paz poderia ser encontrada num riacho, 
no simples observar de estrelas,
ou no sorriso de uma criança.

Lílian Terra

domingo, 15 de abril de 2012

O tempo da travessia

 Foto: Irene Suchocki
"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, 
que já tem a forma do nosso corpo, 
e esquecer os nossos caminhos, 
que nos levam sempre aos mesmos lugares. 
É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, 
teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."


Fernando Pessoa

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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Te descubro em mim, e em ti me largo.
O efêmero momento se estende, 
e o que antes não tinha importância, hoje é a razão de ser...
É a flor que brotou entre as pedras, é o poço no deserto.
O amor leva as dores, assim como a correnteza leva o fruto;
e a beleza se faz notar no que antes era esquecido.

Lílian Terra

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domingo, 8 de abril de 2012

"E voltou, então, à raposa:
-Adeus... - disse ele...
-Adeus - disse a raposa. - Eis o meu segredo. É muito simples:
Só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos.
- O essencial é invisível aos olhos - repetiu o principezinho, para não se esquecer.
- Foi o tempo que perdeste com tua rosa que a fez tão importante.
- Foi o tempo que eu perdi com a minha rosa... - repetiu ele, para não se esquecer.
-Os homens esqueceram essa verdade - disse ainda a raposa. 
- Mas tu não a deves esquecer.
Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.
Tu és responsável pela tua rosa... "

Saint Exupéry - O pequeno Príncipe.

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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Versos íntimos

"Vês?!  Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo.  Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!"

Augusto dos Anjos

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Seu olhar diz mais sobre você do que suas próprias palavras.
Eu não te conheço, não sei nada sobre sua vida, 
mas poderia descrever exatamente o que pensou 
no momento em que seus olhos se fecharam.
Você não sabe, mas eu te observo a um bom tempo 
e tenho gravada em mim cada expressão sua:
o modo como seus labios se movem, 
o jeito de franzir a testa quando não entende alguma coisa
e a forma desesperada com que acende seu cigarro.
Eu não sonho com você, 
não estou apaixonada, nem nos imagino de mãos dadas,
mas gosto de te olhar, simplesmente.

Lílian Terra

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