Foto: Al Durer
"Meu Deus, me dá cinco anos, me dá a mão, me cura de ser grande..."
Adélia Prado
-
"Seu olhar, apenas mais um entre infinitos outros olhares
Que perdidos contemplam a vastidão caótica do espaço temporal.
São visões tétricas, são visões gélidas, são visões nebulosas confinadas num vazio que se faz presente, de um vazio que preenche a ausência de seres de aparências lúgubres.
Multidões, pessoas que vão, multidões, pessoas se vão, multidões, pessoas que não chegam, multidões eternamente caminhando em círculo sobre a grande esfera em frenéticos passos.
Todos atônitos, todos anônimos, estranhos.
Sempre buscando algo de pura abstração, onde as luzes na penumbra, sem profundidade não alcançam a transparecência da origem da lucidez existencial.
Seu céu, seu inferno.
O equilíbrio, a harmonia, continuam obscuros, dispersos dentro da própria matéria, tão perto assim.
Ignota é a realidade da intolerância que faz moldar a imbecilidade do ódio pré fabricado em paraísos contraditórios, conflitantes de colonizados conformistas de ideias germinadas, lobotomizadas na continuidade de não consciência em percurso da inutilidade humana, jogada ao precipício.
É real a verdade cruel que nós, nós nada somos, apenas estamos num momento efêmero, apenas num espaço insignificante, apenas num tempo que urge.
Somos indigentes transitórios, vagabundos errantes
Amanhã já não mais estaremos.
Nascimento e morte.
extremos de uma mesma coisa, vã existência."
-
Lílian Terra
Título: Marcelo Camelo
-
"Prefiro as máquinas que servem para não funcionar: quando cheias de areia, de formiga e musgo - elas podem um dia milagrar de flores.Também as latrinas apropriadas ao abandono me religam a Deus.Senhor, eu tenho orgulho do imprestável."Manoel de Barros - Livro sobre nada-
O que eu procuro não tem cor, não tem forma, não tem número de série. Nem nome tem.O que eu procuro está além do que os olhos podem enxergar, e onde meus braços não podem alcançar.O que eu procuro, nem ao menos sei dizer.Mas saberei reconhecê-lo no momento exato em que o encontrar.Como o príncipe que encontra a dona do sapato perdido.Lílian S. Terra-
É próprio do ser humano cometer erros.Eles nos fazem criar defesas, nos tornam mais fortes.Mas aquele peso fica remoendo na memória, nos tira o sono, dá náusea, uma dor no fundo da gente e uma vontade desesperada de voltar atrás e fazer diferente.
"Há de haver algum lugar, um confuso casarãoOnde os sonhos serão reais, e a vida não...Por ali reinaria meu bem; com seus risos, seus ais, sua tezE uma cama onde à noite sonhasse comigo, talvez.Um lugar deve existir,
Uma espécie de bazar onde os sonhos extraviados vão parar...Entre escadas que fogem dos pés e relógios que rodam pra trás...Se eu pudesse encontrar meu amor não voltava jamais."
"Eu o apertava nos braços, e no entanto parecia para mim que ele escorria vertiginosamente num abismo, sem que eu nada pudesse fazer para retê-lo."
-